Por Audria Bogado Mesquita dos Santos RU
1803766
Polo – Porto Alegre Zona Norte
Data 31/08/2017
Fonte:
prodoctor.net
Segundo relatório
produzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2011, cerca de 15 % da
população mundial, ou cerca de 1 bilhão de pessoas, vivem com algum tipo de deficiência.
Já a Unesco afirma que 90% das crianças com deficiência nos países em
desenvolvimento não frequentam a escola. No Brasil, o último grande Censo
Demográfico realizado pelo IBGE em 2010, aponta que 45,6 milhões de brasileiros
possuem alguma deficiência, ou seja, 23,9% da população do nosso país. A
deficiência visual é a mais frequente, atingindo 18,6% dos brasileiros.
Quando falamos de uma
escola inclusiva entendemos que esta escola esteja preparada para receber
alunos com algum tipo de deficiência e que, eles possam estar contemplados em
um dos princípios da Educação Básica Brasileira: “Igualdade de condições para
acesso e permanência na escola”, direito que é garantido pela Constituição
Federal de 1988 e ratificada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Brasileira (LDBEN/96). Mas na prática, como a Escola pode promover essa
igualdade de oportunidades educativas? No caso de alunos com baixa visão ou
cegueira, como o professor pode criar estratégias para organizar as aulas de
modo a atender todos os alunos (com e sem deficiência) oportunizando uma
aprendizagem significativa? Todos esses questionamentos se tornaram relevantes
para a professora Sônia, quando soube que receberia um aluno inclusivo. Ela leciona
a disciplina de Literatura em uma escola de educação regular na cidade de Porto
Alegre/RS no ensino médio. A educadora relata que, ao ser informada de que
receberia um novo aluno cego, percebeu o quanto estava despreparada para uma
prática profissional inclusiva e que precisou apropriar-se de recursos até
então desconhecidos por ela. “ Encarei como um grande desafio a tarefa de
gerenciar o tempo de aula e dar suporte ao Marcelo (aluno com deficiência
visual) e aos demais alunos. Adotei atitudes simples como
acomodá-lo na primeira fileira de classes da sala para que ele pudesse me ouvir
melhor, adotamos um rodízio de colegas “parceiros” com o intuito de socializá-lo
com a turma e também receber auxílio se necessário”, comenta a professora.
Sônia avalia que somente
ao fazer uso do aplicativo @Voice Aloud Reader percebeu que Marcelo obteve
maior independência nas aulas: “ Ele consegue realizar as tarefas praticamente
no mesmo ritmo da turma e não teve nenhuma dificuldade para utilizar o app.
Minha preocupação era de que o aluno precisasse ficar mais na sala de recursos
da escola e perdesse a convivência com o grupo. Percebi que a inclusão é
possível”.
O sucesso da inclusão de
Marcelo na escola regular fica estreitamente ligado ao uso da tecnologia
assistiva (termo usado para identificar os mais variados recursos que ampliam
as habilidades funcionais de pessoas com deficiência e viabilizam a inclusão).
O aplicativo @Voice Aloud Reader possui muitas funcionalidades como leitura em
voz alta de textos em formato pdf, html, páginas da web, notícias, blogs,
e-mails e outros. Também permite selecionar o tipo de voz sintetizada como
masculina ou feminina; possui fácil controle do volume, velocidade e tonalidade
da fala e também a possibilidade de criar listas com os textos abertos no
aplicativo, para serem ouvidos um após o outro. Outras vantagens importantes do
aplicativo é que ele ocupa pouquíssimo espaço da memória do dispositivo, é
totalmente gratuito e funciona mesmo sem estar conectado à internet. Assim, ao
invés de um aluno ter que ler os textos ou trechos de livros e demais
atividades propostas pela professora, basta que o Marcelo receba previamente
através do smartphone esses textos, e fazer uso do aplicativo. Dessa maneira,
ele consegue situar-se sobre o tema da aula, acompanhar as explicações e
orientações da educadora e ainda preparar-se para as aulas futuras em casa já que
a professora envia para ele os materiais de estudo antecipadamente. O próprio
aluno utiliza de maneira autônoma o celular e faz dele um grande aliado para
aumentar a sua percepção do mundo. Através de outro aplicativo, o TalkBack, um
serviço de acessibilidade previamente instalado nos dispositivos android, ele
interage sem dificuldades com seu celular, por meio de respostas faladas pelo
app. O aluno declara que acessa redes sociais e WhatsApp, mas não esperava que
pudesse fazer uso da tecnologia para estudar. “Poder participar das aulas como
os outros alunos, sem chamar a atenção ou causar transtornos me faz querer
estar na escola”, afirma Marcelo.
A Escola deve refletir o
mundo tecnológico que os alunos vivem e fazer dessa tecnologia uma aliada para
um conhecimento pleno. Quando nos referimos em uma escola inclusiva não podemos
pensar diferente, há de se buscar não apenas uma inclusão educacional, mas
também digital que possa através dos mais variados recursos tecnológicos de
acessibilidade garantir possibilidades concretas de aprendizagem para os alunos
com deficiência. Manter as crianças e adolescentes com deficiência na Escola é
dever das famílias, da comunidade escolar e de toda a sociedade. As tecnologias
assistivas tornam essa permanência mais promissora ao derrubar barreiras
educacionais e criar recursos de aquisição do conhecimento que focam nas
possibilidades desses indivíduos e não apenas nas suas deficiências.
0 comentários:
Postar um comentário