domingo, 27 de agosto de 2017

APLICATIVO DE CELULAR FACILITA A INCLUSÃO DE ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL EM ESCOLA REGULAR DE ENSINO


 
Por Audria Bogado Mesquita dos Santos RU 1803766

Polo – Porto Alegre Zona Norte

Data 31/08/2017



Fonte: prodoctor.net

 


Segundo relatório produzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2011, cerca de 15 % da população mundial, ou cerca de 1 bilhão de pessoas, vivem com algum tipo de deficiência. Já a Unesco afirma que 90% das crianças com deficiência nos países em desenvolvimento não frequentam a escola. No Brasil, o último grande Censo Demográfico realizado pelo IBGE em 2010, aponta que 45,6 milhões de brasileiros possuem alguma deficiência, ou seja, 23,9% da população do nosso país. A deficiência visual é a mais frequente, atingindo 18,6% dos brasileiros.

Quando falamos de uma escola inclusiva entendemos que esta escola esteja preparada para receber alunos com algum tipo de deficiência e que, eles possam estar contemplados em um dos princípios da Educação Básica Brasileira: “Igualdade de condições para acesso e permanência na escola”, direito que é garantido pela Constituição Federal de 1988 e ratificada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDBEN/96). Mas na prática, como a Escola pode promover essa igualdade de oportunidades educativas? No caso de alunos com baixa visão ou cegueira, como o professor pode criar estratégias para organizar as aulas de modo a atender todos os alunos (com e sem deficiência) oportunizando uma aprendizagem significativa? Todos esses questionamentos se tornaram relevantes para a professora Sônia, quando soube que receberia um aluno inclusivo. Ela leciona a disciplina de Literatura em uma escola de educação regular na cidade de Porto Alegre/RS no ensino médio. A educadora relata que, ao ser informada de que receberia um novo aluno cego, percebeu o quanto estava despreparada para uma prática profissional inclusiva e que precisou apropriar-se de recursos até então desconhecidos por ela. “ Encarei como um grande desafio a tarefa de gerenciar o tempo de aula e dar suporte ao Marcelo (aluno com deficiência visual) e aos demais alunos. Adotei atitudes simples como acomodá-lo na primeira fileira de classes da sala para que ele pudesse me ouvir melhor, adotamos um rodízio de colegas “parceiros” com o intuito de socializá-lo com a turma e também receber auxílio se necessário”, comenta a professora.
Sônia avalia que somente ao fazer uso do aplicativo @Voice Aloud Reader percebeu que Marcelo obteve maior independência nas aulas: “ Ele consegue realizar as tarefas praticamente no mesmo ritmo da turma e não teve nenhuma dificuldade para utilizar o app. Minha preocupação era de que o aluno precisasse ficar mais na sala de recursos da escola e perdesse a convivência com o grupo. Percebi que a inclusão é possível”.
O sucesso da inclusão de Marcelo na escola regular fica estreitamente ligado ao uso da tecnologia assistiva (termo usado para identificar os mais variados recursos que ampliam as habilidades funcionais de pessoas com deficiência e viabilizam a inclusão). O aplicativo @Voice Aloud Reader possui muitas funcionalidades como leitura em voz alta de textos em formato pdf, html, páginas da web, notícias, blogs, e-mails e outros. Também permite selecionar o tipo de voz sintetizada como masculina ou feminina; possui fácil controle do volume, velocidade e tonalidade da fala e também a possibilidade de criar listas com os textos abertos no aplicativo, para serem ouvidos um após o outro. Outras vantagens importantes do aplicativo é que ele ocupa pouquíssimo espaço da memória do dispositivo, é totalmente gratuito e funciona mesmo sem estar conectado à internet. Assim, ao invés de um aluno ter que ler os textos ou trechos de livros e demais atividades propostas pela professora, basta que o Marcelo receba previamente através do smartphone esses textos, e fazer uso do aplicativo. Dessa maneira, ele consegue situar-se sobre o tema da aula, acompanhar as explicações e orientações da educadora e ainda  preparar-se para as aulas futuras em casa já que a professora envia para ele os materiais de estudo antecipadamente. O próprio aluno utiliza de maneira autônoma o celular e faz dele um grande aliado para aumentar a sua percepção do mundo. Através de outro aplicativo, o TalkBack, um serviço de acessibilidade previamente instalado nos dispositivos android, ele interage sem dificuldades com seu celular, por meio de respostas faladas pelo app. O aluno declara que acessa redes sociais e WhatsApp, mas não esperava que pudesse fazer uso da tecnologia para estudar. “Poder participar das aulas como os outros alunos, sem chamar a atenção ou causar transtornos me faz querer estar na escola”, afirma Marcelo.
A Escola deve refletir o mundo tecnológico que os alunos vivem e fazer dessa tecnologia uma aliada para um conhecimento pleno. Quando nos referimos em uma escola inclusiva não podemos pensar diferente, há de se buscar não apenas uma inclusão educacional, mas também digital que possa através dos mais variados recursos tecnológicos de acessibilidade garantir possibilidades concretas de aprendizagem para os alunos com deficiência. Manter as crianças e adolescentes com deficiência na Escola é dever das famílias, da comunidade escolar e de toda a sociedade. As tecnologias assistivas tornam essa permanência mais promissora ao derrubar barreiras educacionais e criar recursos de aquisição do conhecimento que focam nas possibilidades desses indivíduos e não apenas nas suas deficiências.

 

 

 

 

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